A Inteligência Emocional em tempos de Inteligência Artificial
- Michel Soeltl
- 1 de out. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 15 de out. de 2024
Na era da Inteligência Artificial é preciso nos mantermos atualizados e competitivos no mercado de trabalho, para tanto é importante incorporarmos os assistentes generativos no dia a dia de nossas atividades, procurando sempre oportunidades de suas aplicações para conseguiremos executar nossas tarefas de maneira mais eficiente.
Esse movimento incessante na busca do aumento de produtividade nos leva a estados mentais de preocupação excessiva, ansiedade e stress. Para se ter uma ideia sobre o quadro do medo e ansiedade das pessoas no mundo corporativo, um estudo do Gartner de 2024 apresentou que 77% dos líderes de RH sentem que seus colaboradores estão se sentindo fatigados. [1]
1. Por que a Inteligência Emocional é importante para líderes e organizações?
Existem muitas definições sobre inteligência emocional. Segundo GOLEMAN & BOYATZIS, Inteligência Emocional é a habilidade de reconhecer e compreender as emoções em nós e nos outros, e a habilidade de usar este conhecimento para gerenciar nossos comportamentos e nossos relacionamentos.
Em uma pesquisa conduzida por Daniel Goleman com 188 companhias (grandes e globais) para identificar quais as competências importantes para se atingir a alta performance, foram elencadas além das habilidades técnicas, as habilidades cognitivas dos participantes e seus níveis de inteligência emocional.[2]
Esse estudo que tivemos acesso durante o Congresso do SHRM de 2024, chegou às seguintes conclusões:
1. Para se atingir a alta performance, a inteligência emocional provou ser duas vezes mais importante do que as habilidades técnicas ou cognitivas em todas as funções e níveis;
2. A diferença dos perfis de alta e baixa performance em posições de liderança, se deu em 90% por fatores influenciados pela inteligência emocional, muito mais do que as habilidades cognitivas ou técnicas.
No C-Level, onde o conhecimento técnico influencia menos, a inteligência emocional desempenhou um papel muito importante na prática da alta performance, visto que colaborou positivamente em tomadas de decisão mais racionais e assertivas, mesmo em condições de extrema cobrança.
Uma outra pesquisa com mais de 2.700 participantes e dezenas de empresas conduzida pela CREIO (Consortium for Research on Emocional Intelligence), demonstrou a correlação entre o nível de inteligência emocional da liderança e o alto desempenho das equipes. Quanto mais inteligência emocional os líderes possuíam, melhor os resultados de seus colaboradores. Também nesta pesquisa, assim como apresentado no estudo anterior, a variação de desempenho dos colaboradores está relacionada ao nível de inteligência emocional que possuem. As variações no desempenho que foram atribuídas a fatores de inteligência emocional ficaram por volta de 25%.
A liderança que possui altos índices de inteligência emocional irão exercer um papel essencial na compreensão das necessidades de seus colaboradores e suas motivações, ajudando eficientemente a elaborar planos de desenvolvimento individual e de ações corretivas para que os resultados de negócio sejam alcançados.
Quando os líderes conseguem gerenciar bem suas emoções, colocam o ser humano nos centros das decisões e possuem a resiliência necessária para não deixar que a pressão organizacional do dia a dia o impeça de tomar as melhores decisões, pois serão empáticos, compassivos e apoiarão suas equipes de maneira racional, criando um ambiente e cultura para a prática da alta performance.
Em resumo, investir no desenvolvimento da inteligência emocional dos colaboradores viabilizará para as empresas:
Indivíduos e equipes de alta performance;
Bem-estar;
Cultura de alto desempenho;
Prática da empatia e aumento da resiliência.
2. Os componentes da Inteligência Emocional
A inteligência emocional está ligada à nossa maturidade e, portanto, com o nosso conhecimento e experiência. Assim, ela naturalmente aumenta ao longo do tempo com o nosso envelhecimento. Porém, os níveis de inteligência emocional que devemos ter agora, face aos grandes desafios das empresas em que atuamos em um mercado globalizado e extremamente veloz, não podem se dar ao luxo de aguardar chegarmos à melhor idade.
Há maneiras de agilizar o desenvolvimento de nossa inteligência emocional, que passa pelo aprendizado. Podemos dizer que a inteligência emocional é composta pelo autoconhecimento e resiliência. Saber direcionar nossas emoções, que são os estímulos que nos dão força e vitalidade para alcançar nossos objetivos, é fator crítico de sucesso para conseguirmos resultados excepcionais e passa pela busca incessante do saber. A busca pelo conhecimento nos faz sentir motivados e disciplinados para aprender as competências e comportamentos necessários.
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL = AUTOCONHECIMENTO + RESILIÊNCIA
· Autoconhecimento: É o conhecimento de si, de nossas qualidades e defeitos, de termos consciência para saber identificar nossas falhas. Para que possamos ter sucesso na vida e no trabalho é importante entendermos como os outros nos veem, e no que somos bons e no que temos de melhorar. Para tanto, um dos caminhos para nos ajudar a aumentar nosso autoconhecimento é pedir feedback. O feedback nos dá informações importantes e dados necessários para a nossa autoreflexão. O feedback negativo aumenta a exatidão do nosso entendimento sobre a avaliação dos outros de nossa eficácia em geral. (LOMBARDO, Michael; EICHINGER, Robert, 2009). A clareza com que vemos nossos pontos positivos e negativos e a tranquilidade enquanto falamos dos nossos problemas e emoções mostra o quão evoluídos estamos em nosso autoconhecimento.
· Resiliência: A resiliência é nossa capacidade de “seguir em frente”, mesmo diante de adversidades, dificuldades e pensamentos contrários ao nosso objetivo. Para tanto é preciso que tenhamos conhecimento e técnicas de auto gerenciamento e autocontrole, para com criatividade, flexibilidade, disciplina e integridade, possamos entregar nossos resultados. Quem tem esta característica criar seu redor um ambiente de confiança, honestidade e integridade, pois não age por impulsos e sim direcionado por dados. Um dos grandes obstáculos para a resiliência é a emoção. Quando não controlamos nossa emoção, fica difícil desenvolvermos nossa resiliência. Existe uma técnica do Dr. James Gross, professor da Universidade de Stanford, que nos ajuda a controlar nossas emoções. Quando formos assolados por uma emoção forte que nos direciona para uma ação devemos: 1) Refazer o pensamento –Pensar de maneira positiva a situação; 2) Reinterpretar o pensamento – Ao pensar o problema sobre uma lente mais positiva, será possível encontrar maneiras de isolar a “ameaça” que nos tira a tranquilidade; 3) Normalizar nossas emoções – Devemos ter o entendimento que sentir-se ansioso é normal, e que é uma resposta biológica do corpo à uma sensação de ameaça; 4) Pensar diferente – A partir deste episódio, procurar pensar diferentemente nas próximas oportunidades e aceitá-las como oportunidades de crescimento.
3. Considerações Finais
Concluímos afirmando que as emoções não podem ser desprezadas. Elas nos ajudam a tomar decisões, nos motivar, nos proteger e nos ajudam a entender e compreender nós mesmos, os outros e o nosso redor. Emoção não é um sinal para a ação, ela é um sinal para a pausa e reflexão. Devemos aumentar o tempo entre a emoção e a ação. Tanto as emoções positivas e eufóricas como as negativas de desolação que nos levam a atitudes equivocadas.
Até o próximo artigo.
Abraços Digitais.
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[2] ABDURAHMAN, Nejat. Emotional Intelligence in the Age of Artificial Intelligence. Painel no congresso do SHRM: Chicago, 2024.
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